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Não é segredo que o comércio internacional de um país sempre foi um grande trunfo que os países utilizam de maneiras estratégicas, para garantir tal ou qual interesse no âmbito político. Ainda mais quando falamos das medidas adotadas pelo governo da maior economia do mundo, os EUA. Já sabemos, por experiências recentes, que qualquer contratempo na política econômica desse país gera verdadeiras reviravoltas no mercado financeiro mundial.
No mundo de hoje, vivemos um momento de polarização e incerteza, marcado por crises relacionadas às fronteiras e aos limites dos países – sendo a imigração um dos problemas mais abordados – especialmente quando pensamos no governo de Donald Trump.
O problema das fronteiras não é meramente físico, mas inclui também as fronteiras simbólicas marcadas pela abertura ao comércio internacional. Um bom exemplo dos efeitos dessas políticas aconteceu em março, quando o presidente Trump anunciou uma nova sobretaxa nas importações de aço e alumínio nos EUA.
Trump buscava afetar principalmente a China, principal produtora de aço e alumínio do mundo, o que vinha arriscando a produção americana. No entanto, a sua ação prejudicou também o Brasil, segundo maior exportador de aço para os EUA, apenas atrás do Canadá. A ação ocasionou reações por parte desses países e também da Europa, que acusou uma possível retaliação com taxas em seu lado. Para o Brasil esse sobretaxa foi muito problemática, obrigando o país a disputar por novas oportunidades de comércio em uma acentuada disputa com outros gigantes como a Rússia.
A política protecionista de Trump já não é novidade, pois ela se estende por todas as suas decisões. Muitos afirmam que o presidente deseja mesmo criar uma “guerra comercial” através da justificativa de proteger a indústria e os trabalhadores estadunidenses.
Como vemos, a tendência conservadora e protecionista do governo tem as fronteiras como grandes centros de controle. As fronteiras são como lastros do que entra e sai do país, demarcando bordas sociais e econômicas. As aberturas e fechamentos são estratégicas para a política do país e nesse caso falamos tanto do caso das imigrações quanto do comércio internacional.
O fato é que essa conjuntura tem feito outros países se unirem e a China – grande foco da “guerra comercial” de Trump – tem tomado prevalência no comércio com países da América Latina. Além disso, com medo de que ocorra o fim do NAFTA (Acordo de Livre Comércio para a América do Norte), o Canadá tem se aproximado também do Mercosul, buscando uma proximidade com o território de livre-comércio. O Brasil, cujo intercâmbio comercial com o Canadá chegou à US$ 4,5 Bilhões em 2017, procura estreitar laços com esse país, especialmente no que condiz às exportações.
Enquanto Trump preza pelo protecionismo radical de suas fronteiras, outros países como a China, afirmam, cada vez mais, a necessidade do livre comércio e de expansão de mercados. A política de Trump, ainda que rigorosa, pode excluir o país do faro de novos investimentos empresariais, já que os laços comerciais podem ser estreitados por taxas que buscam fortalecer a indústria interna do país.
No caso do Brasil e Mercosul, a política de Trump acabou gerando certa união, que em prol do livre comércio, pode trazer frutos vindouros para a região. O Mercosul tem criado boas relações comerciais com a União Européia, assim como com o Canadá.
Além dos avanços, alguns empecilhos para que o mercosul expanda são a alta concorrência por mercado, ocasionado pela falta de diversidade da produção e uma infra-estrutura não tão avançada. Esse tipo de problema é que Trump buscou evitar, já que a produção colossal de aço da China barateou em muito os produtos americanos, gerando uma crise na indústria de aço.
No que condiz a situação do setor de exportações e importações brasileiro, apesar da tendência ao livre comércio, temos outros problemas específicos, haja vista a enorme burocracia envolvida nos procedimentos de comércio internacional. São 72 obrigações para importação e 46 para exportação, segundo pesquisa recente. Entraves como esse demonstram uma tecnologia governamental ainda um tanto rígida – mesmo com a informatização de alguns setores – para que avanços sejam devidamente sentidos por parceiros do Brasil no comércio internacional.
Seja como for, no mundo polarizado e disputado que vivemos hoje, a discussão entre livre-comércio e protecionismo pode ser ainda uma constante no dialeto dos investidores em comércio internacional e o Brasil – por enquanto adepto do livre-comércio – precisa cultivar suas parcerias. Reduzir a carga burocrática talvez seja um bom começo!
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